Tenho uma filha de 15 anos que, como a maior parte dos adolescentes do meio dela, vive conectada. Logo cedo enquanto levo-a para a escola já está trocando mensagens com as amigas pelo BlackBerry (o que elas têm pra falar a essa hora da manhã?). Com frequência pede para eu desligar o rádio – sim, confesso ter alguns hábitos old fashion como ouvir FM enquanto dirijo – e toca a playlist do seu iPod touch. Se ela precisa falar comigo durante o dia raramente liga, o usual é me enviar SMS. Ela é geração texting.
Usa o Twitter para conversar com amigos, acessa o Tumblr diariamente, está no Facebook por força das circunstâncias – embora não curta tanto – e adora postar e ver fotos no Instagram. Talvez seja uma teen típica dos dias de hoje e eu, que considero ter bons conhecimentos de tecnologia e de redes sociais, às vezes pego umas dicas com ela.
Bem, recentemente acompanhei um pequeno “fenômeno” de mídias sociais praticamente no abrigo do lar que me fez refletir sobre essa nova ordem social. Compartilho com vocês. Uma colega de classe e amiga da minha filha, tipicamente teen como ela, canta bem, muito bem. A garota tem pretensões de se tornar artista profissional e está fazendo o dever de casa. Tem aulas de canto, evita algumas atividades típicas da adolescência para preservar a voz e ensaia com freqüência.
O fato é que há pouco tempo ela postou um vídeo simples no Ask.fm, fazendo cover de uma canção em inglês. Numa progressão impressionante, o vídeo recebeu no próprio Ask.fm cerca de 200 curtidas em 2 dias, que geraram 5.000 perguntas em 3 dias e seguiram assim outros vídeos que alcançaram 25.000 curtidas e mais de 110.000 perguntas em cerca de 20 dias. Nesse período pulou de 400 assinantes no Facebook na primeira semana para 5.500 assinantes em 3 semanas.
O mesmo aconteceu no Twitter, em que ela arrebatou 1.600 followers no período e 500 followers no Instagram. E os números continuam crescendo em todas as redes que ela participa. A aspirante a cantora já foi chamada para cantar numa balada teen e pode ter iniciado, meio sem querer, a sua carreira profissional com um despretensioso vídeo no Ask.fm. Torço pelo sucesso dela.
Esse acontecimento quase caseiro – e digo isso porque a minha filha, como uma de suas melhores amigas, ficava lá em casa ajudando-a a responder e atender os novos fãs – mostra a força das redes sociais para alavancar iniciativas, criar do zero uma audiência significativa, permitir interações individuais e catapultar uma carreira, uma ideia ou um negócio a outro patamar e numa velocidade espantosa. E isso serve para o bem e para o mal.
Aplicando a lição ao universo dos negócios, ao ativar um canal ou perfil em redes sociais, uma empresa deve estar preparada para responder por ele e pela demanda que for gerada. E se essa demanda aumenta vertiginosamente tem quem estar pronta para crescer junto e rápido, sob pena de reverter expectativas e gerar buzz intensamente negativo. Quando a marca não é forte e conhecida o suficiente, o mais comum nas empresas de menor porte, normalmente menos estruturadas, isso pode ser fatal para os negócios. A alavanca das mídias sociais tanto faz subir quanto descer. Por isso não é coisa para amadores. Quem aspira a estrelar nos grandes palcos corporativos não pode encarar as mídias sociais como ensaio. Pensar – e preparar – o negócio com foco no social pode evitar as vaias que encerram a turnê antes da hora. Mas quem gosta pede bis.